Em 20 de janeiro do ano de 1.922, nasceu Sebastião, filho de Domingo Soriano Lima e de Ricarda de Assunção Araújo, no local Lagoa do Côco, de propriedade de seus pais, agricultores. Devido à falta de
assistência pelas autoridades naquela época não havia escola, os proprietários de terra contratavam professores para ensinar os filhos a ler assinar o nome e aprender as quatro operações fundamentais: somar,
diminuir, multiplicar e dividir, coube à tarefa de professor naquela região ao mestre Salú. Com estes conhecimentos básicos o jovem Sebastião optou por aprender “um ofício” como era chamado na época, e com
alguns trocados, se dirigiu à cidade de Mirador em busca do Mestre Silvestre, artesão que trabalhava com couros.

Sebastião aprendeu a arte de artesanato se especializando em peças de montarias, arreios e demais artefatos de couro.

Contextualizando a história:
Tendo emigrado do Estado da Paraíba o Sr. Antônio Brito Lira e alguns familiares, se instalaram na localidade conhecida por Brejo no município de Pastos Bons no estado do Maranhão região pré amazônica,
em 1937, quando construíram a igreja dedicada a São Sebastião. O povoado do Brejo que na época passou a ser conhecido como Brejo do Paraibano, desenvolveu em politica social e econômica mais que a sede
do Município Pastos Bons que tinha como liderança politica Dr. Teoplistes Texeira Deputado Federal. Brejo do Paraibano foi emancipado como cidade em 1952 com o nome de Paraibano.

A cidade de Paraibano, tinha como limites em seu território Nova Iorque com a forte liderança política do Senador José Neiva, São João dos Patos como liderança a família Rocha Santos, com destaque na
pessoa conhecida como “Dona Noca” mulher de personalidade forte e com liderança nata.

Voltamos ao nosso personagem: Sebastião de Araújo Lima, como foi dito anteriormente pertencente à região voltando de Mirador instalou a sua oficina de artesão (seleiro) em Paraibano, com a espertice e visão
futurista desenvolveu seu negócio, na primeira indústria de fabricação de calçados da região com uma demanda de mais de 26 operários, comercializando ele próprio o seu produto na Sapataria Sebastião Araújo.

A família:
Tomaz filho de Melquiades e Teodlina, já fazia parte da família do Domingos, pois era casado com Antônia (carinhosamente conhecida como Pixiu) irmã do Sebastião, quando mais tarde o Sebastião casou-se
com Maria Carvalho, em 20 janeiro de 1946, irmã do Tomaz, eram natural da localidade Brejo do Anastácio do Distrito de Porto Seguro, Município de Nova Iorque. Ambos estabelecidos em Paraibano. Pastos
Bons embora tenha feito a emancipação de Paraibano, não respeitava a autonomia da cidade e vivia em conflito com os “Paraibanos” criando situações de graves consequências, o Sebastião não participava das
disputas política, atuava como pacificador era amigo de todos. Se dedicava aos cuidados com a família que ia crescendo. Tiveram 12 filhos, sendo que 10 nasceram em Paraibano assistidos pelas parteiras práticas
dona Maria Castor e dona Ana, os partos eram realizados em casa. Cônscio da responsabilidade de proporcionar o melhor para a sua família ele e sua esposa formava um casal trabalhador, honesto, muito alegres
e festivos, acolhedores uma das características do casal e que se tornou extensivos à seus filhos. O Bastião como era conhecido pelos íntimos com o pouco estudo era um homem sábio, batalhador quando
percebeu que a região já não atendia o fornecimento de insumos isto é matéria prima para a sua fábrica buscou outros estados para comprar o necessário e continuar oferecendo o melhor em mercadoria e
atendimento em sua sapataria, no retorno de cada viagem trazia as novidades musicais que circulava nas grandes capitais de Pernambuco, e Ceará na época Luiz Gonzaga era o astro do momento com suas belas
canções, umas das preferidas do Sebastião era Asa Branca, tinha uma vitrola em sua casa que animava às suas festinhas ao retornar das idas e vindas em suas viagens de negócio.

Sebastião, em algum momento chegou a cogitar ir morar em Brasília, mas a sua esposa foi contra a ideia e ficaram mesmo em Paraibano. Desenvolvendo as múltiplas facetas de empreendedor nato como já
foi dito tinha facilidades para negócios, comprou um caminhão que usava no frete de mercadorias e transporte de passageiros foi um dos primeiros da região. As disputas políticas em Paraibano não paravam
nem mesmo os festejos de São Sebastião eram respeitados, a vizinha cidade de Passagem Franca também festejava São Sebastião, a Dona Noca interferia e comemorava primeiro em Passagem Franca do dia 09
ao dia 20 de janeiro em Passagem Franca, e do dia 21 ao dia 31 em Paraibanos, mas isto não alterou em nada para o Casal Sebastião Araújo que participava das duas festividades com muita alegria transportava
fieis de Paraibano à Passagem Franca e vice versa. O casal sofreu muito com a perda do quarto filho que se chamava Clidemar, quando ainda era pequeno. Mas continuaram sem amargura, trabalhando e
investindo na educação dos outros filhos. Visando sempre oferecer o melhor para os filhos que já estavam em idade escolar avançada ao que Paraibano oferecia o Sebastião com a família mudou para a cidade de
Floriano no Piauí onde oferecia uma educação mais avançada para as necessidades de seus filhos, em Floriano continuou como comerciante c investiu no ramo de transporte coletivo com uma linha de ônibus
para Boa Esperança onde estava sendo construída a Usina Hidrelétrica Castelo Branco. Em Floriano o casal teve mais dois filhos. Apesar dos 10 filhos a casa esteve sempre aberta e acolhedora para parentes e
amigos, vários sobrinhos fizeram parte da família como Maria Eterna e Gilda filhas da Raimunda (já falecida) irmã da Maria, em Floriano a hospitalidade continuou com o Gerson da Belcina, e outros mais,
devemos lembrar que os parentes e amigos de Paraibano sempre que iam a Floriano se hospedavam na casa de Sebastião e Maria, em qualquer hora tinha um lanche um carinho um bom acolhimento.

Em Floriano os filhos estudavam e se preparavam para voos mais altos.

Infelizmente veio a grande provação alguns acontecimentos bastante desagradáveis atingiu a família em particular a seu filho Cleber adolescente, e outros contratempos em seu comércio.

O casal corajoso como sempre transfere sua residência para a cidade de Imperatriz no Maranhão sempre atuando no comércio com a venda de gêneros alimentícios. Algum tempo depois vai morar em Recife
objetivando oferecer oportunidade aos filhos de se profissionalizarem com curso superior, meta alcançada. Mais uma vez o destino lhes aplica um dos golpes mais difíceis que foi a perda de seu filho Cleber
acadêmico de medicina no último semestre.

A grandeza do Sebastião consistiu na coragem com que enfrentou as dificuldades que surgiram ao longo de sua vida, sempre foi um homem alegre, generoso, amigo de todos um bom marido, pai exemplar, que
deixou a seus filhos um belo patrimônio de honestidade e caráter, nas batalhas do dia a dia foi um vencedor, sem inimigos e muitos amigos por quem é lembrado com carinhoso respeito.

Clarice e Donor, espero ter sido fiel ao falar de seus pais, muito pode ser dito, isto é só um esboço. Peço desculpas pela demora. Um abraço carinhoso amo a todos.

As administrações públicas não forneciam educação nas pequenas cidades e/ou vilas não tinham escolas os fazendeiros, proprietários de terras contratavam professores particular, não foi diferente na Lagoa do
Côco foi contratado o Mestre Salú que ministrava aulas de leitura, escrever (consistia) em assinar o nome e as quatro operações. Isto foi muito pouco para o jovem Sebastião, um visionário progressista que
mesmo com dificuldades financeiro foi em busca de uma profissão na cidade de Mirador, lá fez um curso de artesanato em couro, tendo se especializado na confecção de selas e arreios para montaria.

Os fracos abate,

Aos fortes, aos bravos,

Só faz exaltar.

Por Maria Eterna de Carvalho – Sobrinha