Em 20 de janeiro de 1958, às 9h da manhã de uma segunda-feira estava eu e meu pai Bastião Araújo na porta da sapataria quando um senhor, que não lembro do nome, vinha tocando um jumento
com um tronco de madeira no lombo. Pau bonito e apropriado para um banco. Meu pai na sua expertise de homem astuto pra onde vai com este pau? Respondeu o senhor serrar para fazer tábuas.

Bastião retrucou: pelo jeito e forma é melhor para um banco pago o mesmo valor das tábuas. Negócio fechado. Assim nasceu o Pau do Bastião que foi colocado na calçada, encostado na parede e entre duas portas da sapataria. Daí em diante virou moda para os comerciantes do mercado municipal, cabia 4 pessoas. As rodadas de conversas sempre tinha mais do que a capacidade do pau, os que chagavam após o pau lotado vinham com um tamborete na mão, e tome conversa e olho em seu comércio, quando os fregueses chegavam iam atender e voltavam para o pau do Bastião e tome conversa, a moda pegou virou logo ponto comum de encontros, durante o dia para os comerciantes e a noite para namorados e assuntos diversos.

A vida do pau do Bastião teve fim quando José Lira Brito, o Zuzão foi até ao Jesuíno de Carvalho Neto o Padim, cunhado do Bastião e que assumiu a sua sapataria após a mudança do Bastião e família
para Floriano em 1961, determinando que botasse o Pau do Bastião para dentro pois era lugar dos cabras safados falarem mal dele e o padim por ser manso, cordato e exemplo de cidadão pacato, guardou o Pau do Bastião no fundo do quintal. Hoje ressuscitado e de volta ao lugar de onde não deveria ter saído.

Por Clodionor Carvalho de Araújo – Filho